A fábrica de tecidos e os três apitos...

Deborah Oliveira e Renata Tribuzzy -





A antiga fábrica de tecidos Confiança


O grande compositor Noel Rosa escreveu a música Três Apitos baseado na fábrica de tecidos Confiança localizada em Vila Isabel, onde hoje se encontra o Supermercado Extra Boulevard.





Extra Boulevard



A fábrica de fiação e tecidos foi fundada em Abril de 1885 representando o inicio da industrialização no Rio de Janeiro. Localizada na Rua Maxwell, a fábrica tinha ao seu redor vilas operárias e alguns casarões de maior porte. Ao longo do tempo, houve vasto crescimento em sua produção e, após a quebra da Bolsa de Nova York, teve como resultado a queda da produção e a demissão de alguns operários. Após isso, seu grande levante ocorreu em 1942 logo após a segunda Guerra Mundial, já que foi a única indústria atuante na produção dos uniformes para o exército brasileiro.


O estabelecimento foi desativado após 85 anos de atuação, e sua chaminé construída em 1894 ainda se mantém no mercado.


Uma das maiores inspirações de Noel eram as mulheres e com esta canção não foi diferente. Noel Rosa tinha um relacionamento com Clara, vizinha e conhecida da família. A moça era operária da fábrica, e seu grande admirador era atraído pelos apitos que indicavam o término do expediente de trabalho. Exibido como sempre foi, Noel passava em seu carro fazendo questão que sua presença fosse notada. Porém há controvérsias sobre a musa inspiradora da música. Existem relatos que mostram que a música não foi dedicada a Clara, mas sim à Josefina que trabalhava numa fábrica de botões localizada no Andaraí, e era um caso a parte ao seu namoro. Porém Não existem comprovações referentes à verdadeira homenageada pelo poeta, pois até o próprio não deixou claro sua intenção em 1936 quando disse que “outra operária de fábrica, se encaixaria nessa canção”.




Música: Três Apitos



Composição: Noel Rosa





Quando o apito



Da fábrica de tecidos



Vem ferir os meus ouvidos



Eu me lembro de você.







Mas você anda



Sem dúvida, bem zangada



E está interessada



Em fingir que não me vê.







Você que atende ao apito



De uma chaminé de barro



Por que não atende ao grito



Tão aflito,



Da buzina do meu carro.







Você no inverno



Sem meias vai pro trabalho,



Não faz fé com agasalho,



Nem no frio você crê.



Mas você é mesmo



Artigo que não se imita,



Quando a fábrica apita



Faz reclame de você.







Nos meus olhos você lê



Que eu sofro cruelmente



Com ciúmes do gerente



Impertinente



Que dá ordens a você.







Sou do sereno



Poeta muito soturno,



Vou virar guarda noturno



E você sabe por quê



Mas você não sabe



Que, enquanto você pano



Faço junto do piano



Estes versos pra você







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